RTP 2, 4ª temporada. A missa das terças à noite. Imperdível. Ou vês, ou não comungas.
Hoje o verbo inglês que me ocorre, perante o episódio que se me depara é "cope". Significa "lidar com um assunto". Encaixar. Arranjar uma alternativa positiva. Desenrascar. Resolver o assunto e andar para a frente. Cope. É o verbo dos sobreviventes, dos corajosos, dos intervenientes. Burke deixou Christina no altar e pediu a demissão, desapareceu. Perguntam-lhe como está. "Fine". She's coping. Meredith foi acusada de ser responsável pela morte da madrasta, descobriu que a irmã é uma das novas internas. Uma irmã que ela não conhecia. Terminou tudo com Derrick. E como é que ela está? "Fine". She's coping. E a Izzie... perdeu o Denny, apaixonou-se pelo melhor amigo, que entretanto está casado, e não lhe fala, por culpa, por estupidez masculina, por... quê? E como está ela? "Fine", She's coping.
E, não me lixem, eu sei. Eu sei que é uma série, eu sei que não é real, mas caramba, até assusta.
Acaba sempre tudo como não acaba na vida real, eu sei: Afinal o George não fala à Izzie porque a ama a ela, e não à mulher com quem casou. Até aí, pacífico. Mas aparece em casa dela para lho dizer, olhos nos olhos. Pois, é uma série. Afinal o Derrick e a Meredith transformam uma separação numa despedida sem fim. Pacífico, é apenas uma série. Afinal a Christina... a Christina é um caso à parte. É a personificação do suspension of disbelief.
Mas esta gente ensina-me, pelo exemplo ficcional.
Queria ser livre ancorada em ti. Jamais o serei. I'm coping. Gostaria que me mostrasses o mundo real depois de me teres apresentado todo o Universo num breve sonho teu. Mas vives agora em permanente vigília, não sonhas mais. And I'm coping. Queria que me dissesses as deixas que invento para a nossa peça de teatro em milhares de actos, que escrevo de olhos fechados, no escuro, à noite. E não me ofereces mais que o silêncio. And I'm still coping. Queria poder virar a mesa numa reunião sindical, e ter ao lado alguém que partisse os pratos que restassem inteiros, e o que encontrei foi quem levantasse a mesa e arrumasse a sala. And I go on coping. Ambicionaria um mundo em que as minhas verdadeiras amigas, aquelas a que posso dizer tudo, incluindo que estão erradas, sem que daí advenham constrangimentos de parte a parte, morassem no meu prédio. E elas moram longe. And I insist on coping. Queria o cheiro da minha mãe aqui em casa, e o meu médico na mesma cidade, para não apanhar sustos que demoram o tempo de uma viagem infernal a passar. And, even though, I'm coping.
E se me perguntarem, I'm fine.
Simplesmente sei que ninguém aqui me conhece suficientemente bem para responder "You always are. And that's precisely your problem." Como o Derrick sobre a Meredith, personagens fictícias de uma vida tão real.
15 comentários:
Como é possivel que me tenha esquecido...Ando mesmo no mundo da lua. Nao é que seja A minha série mas gosto tanto... Ai nao me posso esquecer mais...
bj***
E neste emaranhado de coincidências, este post deixou-me sem palavras.
E apenas deixo o comentário para que saibas isso.
Bj da Gaja
A coroa será sempre tua!
Adaptar-se, tal como errar, é humano, faz parte da nossa essência. Ajuda-nos a não ficar debaixo de água e deixar de respirar.
Outra palavra que ficou de hoje é a mudança. Mudaste muito nos últimos tempos e não ficaste na mesma, pois conseguiste superar as dificuldades.
Já salvaste um Bambi hoje?
"Gaija" eu também fui à "missa", eu também "comunguei"! Confesso que só há muito pouco tempo vejo a "Anatomia de Grey", mas estou agarrada!E dou por mim a pensar em frases que são ditas em comportamentos onde me revejo...
Os meus conhecimentos de inglês são escassos, mas julgo que na língua materna podemos também utilizar o termo "digerir", concordas?
Eu ando digerir a hipocrisia de pessoas com quem tenho de trabalhar...
Eu tento a digerir a distância que também me afasta dos meus amigos, daqueles que eu sei que me abraçariam quando eu realmente precisasse e não quando lhes desse jeito...
Eu esforço-me por digerir a fuga da felicidade naquele derradeiro minuto...
Eu esforço-me por digerir a falta de coragem de pessoas que se mostram fortes, mas que se acobardam na hora de tomada de decisões...
Eu procuro digerir o egoísmo, a falsidade, a pobreza de espírito que abunda aqui e acolá...
Eu tento digerir... mas tenho um estômago tão fraco!
Olá. Não costumo ver.
Mas gostei deste post.
Penso que nós mulheres, algumas, estamos "always and forever coping".
Kiss
JSJ
Vejo agradavelmente que estás coping...
... coping com o teu blog...
... transpiras posts geniais...
... vou ter que entrar em coping, para conseguir dar vazão á tua produção de posts...
Gosto desta tua nova fase... continua.
Copings NIPT
sext, RTP2, LIPSTICK jungle...
Eu vi no fim de semana o 11º episódio da 5ª temporada da Anatomia (tenho acompanhado à medida que vão saindo nos States...). Não sendo a série que coloco no topo da minha lista (de viciada em séries!) está sem dúvida no grupo restrito de séries de eleição.
Acho piada às relações, há diálogos muito bem escritos e sempre rodeados de uma pitada de bom humor (que às vezes muita falta me faz!).
Aconselho de forma muito imparcial (hehe) que continuem a acompanhar na RTP2. Estão a caminho boas e inesperadas surpresas! E claro, que mais não digo. :)
Vejam lá se gostam, tanto quanto eu:
http://ideiassaltitantes.blogspot.com/2009/01/anatomia-de-grey.html
Deixa lá, Sílvia, eu contei o episódio todo, mesmo...
Gaja, Sorry por te ter emudecido, mas às vezes "cope" com tanta coisa ao mesmo tempo não é fácil e os textos saem um bocadinho mais fortes, fruto da ira.
Carolina, mudar mudei, ultrapassar... I'm coping.
Teia, é mesmo isso: digerir. Deve ser por iso, afinal, que tenho tantos problemas de esófago e estômago. Hoje estou num dia de especial indigestão, ainda nem me atrevi a escrever nada.
Beijinhos a todas
Maria, acho que é um verbo que se aplica a mulheres e homens, para nós, simplesmente, é mais difícil, temos mais fragilidades, acho eu.
Inside Me, deves ter interpretado mal as minhas palavras. Nem este foi um dia feliz, nem este é um texto solar ou optimista. Muito pelo contrário. E coping não é bom. Bom é "moving along".
Shadow, também vejo, mas não gosto nem um terço do que gosto da malta do Seattle Grace.
Cris, fui ver o vídeo que postaste hoje e fartei-me de chorar. Não estou mesmo nos meus dias. Amanhã estarei, decerto, melhor.
Lamento...
Como deves imaginar, nem de longe era essa a minha intenção.
Era só porque gosto da forma como entrelaçaram aquelas cenas em particular, com a aquela música em especial.
Na realidade, percebo o que dizes... se os dias forem como alguns dos últimos, as lágrimas correm de fio mesmo sem serem convidadas. Um pequeno incentivo e lá aparecem elas...
Mas não era mesmo nada a minha intenção... Sorry
Jade Sweet Jade
Interpretei como "Arranjar uma alternativa positiva"...claro uma alternativa é isso mesmo uma alternativa nunca o que devia ser...
e foi nesse sentido o meu comentário...resolver o assunto e andar para a frente...
... e tambem a mudança referida pela "princesa" do Monaco.
...segue em frente e desculpa a minha interpretação errada ...
... nunca mais comento os teus post no trabalho... não consigo captar o sentimento neles(muitas distrações/interrupções).
Sorry and please Smile. A Smile hasta la Vitória, when you reach the moving along.
Comentarios NIPT Jade
Here we are, always coping with this or that or even something else.
Vamos conseguindo lidar com as dificuldades que nos aparecem a frente, ultrapassando-as com uma pinta do caraças (características das Alexandras!) :P
Um dia, acabam-se. :)
Beijinhos*
Cris, não tens nada que lamentar, ou pedir desculpas... quando exercemos o coping vezes demais ou tempo demais, chorar faz bem, é o melhor remédio...
Inside Me, ou se trabalha ou se lê mails...eheheh. Bjos
Alexandra, quanto às Alexandras não sei, mas as Jades podem não ter muita coisa, mas pinta... pinta não lhes falta! ;-)))
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